quarta-feira, 25 de maio de 2011

Vídeo Poema Quadrilha - Carlos Drummond de Andrade - voz de Paulo Autran



Vídeo poema - Retrato - Cecília Meireles - voz de Paulo Autran



Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?

Um dia descobrimos de Mario Quintana - na voz de Alexandre Mafessoni



...Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos
todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas
as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Ou isto ou aquilo - Cecília Meireles na voz de Paulo Autran

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O autorretrato - Mario Quintana


No retrato que me faço
- traço a traço -às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existemmas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -minha eterna semelhança,
no final, que restará? Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

GUARDAR – Antônio Cícero




Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guarda-se o que se quer guardar.


Originalmente publicado no caderno "Idéias/Livros", do Jornal do Brasil, a 8 de março de 1997.
Fotografia de Antônio Cícero: www.cronopios.com.br

COLAR DE CAROLINA - Cecília Meirelles




              Mulher adormecida - Pablo Picasso


Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral

nas colunas da colina.

in "Ou isto ou aquilo", Editora Nova Fronteira, 1990- Rio de Janeiro, Brasil